Olhos Acusadores





Havia um vilarejo, no interior de Minas Gerais, onde moravam seu João e outras pessoas que não saíam dali para nada. 

Sendo pequeno o lugar, os moradores sabiam de tudo o que se passava na vida alheia. Certo dia, seu João precisou ir à cidade grande. Lá chegando, na vitrine de uma loja avistou um espelho. Seu João ficou pasmo e com o espelho na mão gritou: 

– Mas o que o retrato do meu pai está fazendo aqui?

– Isso é um espelho – explicou o dono da loja. 

– O senhor conheceu o meu pai? Sorrindo, o lojista explicou:

– Isso é um espelho. 

– Não é! É o retrato de meu pai! Olha o rosto, a testa, o cabelo. E aquele sorriso desajeitado! 

Seu João quis saber o preço e o comerciante vendeu-lhe baratinho. Naquele dia, seu João exibia um sorriso de imensa alegria. Ao chegar em um vilarejo, todos queriam saber. 

– Deve ser um presente! 

– Não é só uma caixa! 

Chegando em casa e entrando com cuidado, colocou o espelho dentro de uma gaveta no seu quarto, e sua esposa ficou a observar curiosa. 

No dia seguinte, ao sair para trabalhar, sua mulher correu para o quarto, abriu a gaveta e, afastando-se, fez o sinal da cruz. Fechou a gaveta e exclamou: 

– Ah, Meu Deus, é o retrato de outra mulher! Meu marido não gosta mais de mim. A outra é linda, que pele... Ela é mil vezes mais bonita do que eu. 

Quando seu João voltou do trabalho, achou a casa toda desarrumada e a sua mulher chorando no chão. 

Ele indagou: 

– O que foi isso, mulher? E ela lhe respondeu: 

– Ah, seu traidor de uma figa! Quem é aquela jararaca naquele retrato? 

– Que retrato? – perguntou. 

– Aquele mesmo que você escondeu na gaveta! 

Mesmo sem entender ele respondeu: 

– Aquele é o retrato de meu pai. 

Indignada, disse: 

– Cachorro, miserável! Pensa que eu não sei a diferença entre um velho lazarento e uma jararaca feia? 

– Velho lazarento coisa nenhuma! – gritou o homem ofendido. 

Outras pessoas, escutando a gritaria, entraram para saber do que se tratava, encontraram a vizinha chorando e uma pessoa disse: 

– Nunca gostei deste homem! Isso mesmo, larga dele. 

– Aquele cafajeste arrumou outra! Ontem eu encontrei ele escondendo um pacote na gaveta e era o retrato de outra mulher. 

Uma velhinha muito ansiosa foi ver a tal mulher, desembrulhou o pacote e espiou. Arregalou os olhos, soltou uma gargalhada e disse: 

– Essa mulher parece sua bisavó! A tal fulana é a coisa mais enrugada, feia, arruinada, torta que eu já vi até hoje. 

E completou feliz, abraçando a vizinha: 

– Fica tranquila, a bruxa lá do retrato já está com os dois pés na cova! 

Moral da história: tome cuidado antes de tirar conclusões precipitadas.







3 comentários:

  1. Tudo depende de que tipo de olhos temos... se for bom veremos coisas boas e se for mal somente veremos maldade, e como servos e filhos de Deus devemos evitar os maus olhos em nossa vida

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  2. QUANTAS NAO SAO AS VEZES QUE TIRAMOOS
    COCLUSOE PRECIPITADAS MAS E ACABAMOS
    MAGOANDO A NOS MESMA COMETEMOS INJUSTIÇAS ATE MESMO
    SOMOS JULGADAS E POR IOSSO ANTES DE QUALQUER COISA DEVEMOS AVERIGUAR OS FATOS

    DANIELE GIBSON AP

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  3. não devemos julgar as pessoas por coisas que nos falam ou ate mesmo ao que vemos,pois nem tudo que parece ser é.e afinal de contas quem somos nós para julgar alguém?




    glaubiana serra

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